sexta-feira, 13 de maio de 2011

FICHAMENTO DO LIVRO "A CIVILIZAÇÃO DO RENASCIMENTO"

Referencia bibliográfica: DELUMEAU, Jean. Um Novo Homem (Terceira Parte). IN: A Civilização do Renascimento. Trad. Pedro Elói Duarte. Lisboa: Edições 70, 2004. [p. 287-429]

O autor propõe uma visão sobre os homens do Renascimento, dizendo que eles começavam a se despertar sobre as miragens da Idade Medieval q que isso se dá por conta, sobretudo após a tomada de granada em 1492.
No Renascimento o homem começa a ter sua liberdade, já que é quando ocorrem as primeiras grandes navegações. Descobrem a América e o mundo imaginário dos europeus dá lugar ao Novo Mundo em que se encontravam riquezas e terras para serem exploradas. Com a leitura ao capitulo por percebe-se que o autor ainda continua falando dessa libertação do homem e nos fala sobre a reforma protestante que houve no século XVI, com o Martinho Lutero dando assim um olhar de Moderno sobre o seu tempo.
DELUMEAU nos diz que homens e mulheres do Renascimento tinham fome de romanesca, que na Idade Média isso era um sonho, mais que somente no Renascimento que se aflora. O Renascimento foi uma busca do homem moderno a sua antiguidade e que isso era muito bem apresentado com os quadros, representando um paraíso mitológico e ninfas. No Renascimento buscava-se uma aproximação do mundo terrestre juntamente com a natureza acolhedora e harmoniosa, DELUMEAU nos fala também sobre a representação religiosa dos quadros e afirma que a imagem do Demônio, Satanás e a Morte eram feitas de formas horrendas para poder atingir o imaginário simples e fazer com que os cristãos indolentes tremessem de medo.
O autor nos conta sobre as utopias do Renascimento, que era o imaginário de um mundo perfeito numa época em que pouco podia sonhar. Ele dá exemplos de alguns escritores que escreviam essas utopias como Thomas More (Utopia), Kaspar Stiblin (Breve Descrição do Estado Eudemonia, Cidade do País Maçaria), Campanella (A Cidade do Sol) e até mesmo Francis Bacon (A Nova Atlântida) já que seu pensamento constitui-se entre o pensamento antigo (Platão) e o pensamento moderno. Mas o autor rebate esses pensadores dizendo que os utopistas do século XVI e século XVII estavam atrasados a sua época, pois o individualismo crescia muito no Renascimento, enquanto eles pregavam a coletividade; o capitalismo se desenvolvia, e eles rejeitavam a propriedade privada e a moeda.
O autor deixa claro que toda essa busca da antiguidade e toda essa explosão cultural do Renascimento se deram somente para os ricos já que os pobres continuavam morrendo de fome, pois o Renascimento se da muito por causa do setor privilegiado já que eles bancavam os artistas da época e divulgavam o humanismo.
DELUMEAU cita alguns artistas e letrados que foram bancados pelas burguesias, como Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo, Ronsard, Shakespeare. Leonardo da Vinci foi o primeiro artista que na Europa do tempo Renascentista teve um prestigio enorme; Rafael foi uma espécie de herói e/ou semideus, teve uma vida de príncipe e morreu numa sexta-feira Santa do ano de 1520, até o Papa Leão X chorou; Miguel Ângelo foi o primeiro que teve uma biografia em vida, teve uma espécie de culto antes de morrer e foi o que teve honras de funerais especiais.
Como já foi dito o poder da burguesia crescia muito, principalmente na Itália do Quattrocento, já que muitos príncipes não tinham descendência real como Francesco Sforza, Afonso e Ferrante de Aragão, Segismondo Malatesta, etc. Como pode se vê o Renascimento italiano colocou em questão à legitimidade de chefes do estado e a nobreza hereditária.
O autor fala sobre a literatura do Renascimento e evidencia que a inspiração vinha dos amantes cuja paixão não era correspondida e onde se consolavam em plena solidão já que essa era uma tendência na sociedade culta da época. Outro tema da literatura do Renascimento é a Morte, a idéia de que a vida não valia a pena ser vivida era muito expressando pelos autores Renascentistas, por conseqüência disso surgiu o medo e o desejo da morte.
DELUMEAU propõe ainda às questões da astrologia, ressaltando que como o Renascimento era uma busca a antiguidade, essa procura dos deuses pagãos em que tendiam virtudes mágicas dos planetas vai se criando a aproximação do homem com os cosmos. E com essa aproximação faz o homem perceber que ele pode ter dominação dos astros, ou seja, um homem pode adivinhar o que era acontecer com ele em outro dia e que esses “magos” (homens que fazem adivinhações) começam a ser exaltados pelo próprio homem; Deus então começa a perder o lugar de todo o poderoso no olhar do novo homem moderno.
Na arte italiana do Renascimento se via muitas composições com a astrologia, percebendo-se que muitas podiam dissimular significados muito profundos do que meras artes belas do Renascimento.
O autor cita alguns pensadores da época em que não acreditavam nesse assunto da astrologia; Erasmo, Rabelais, Lutero, Calvino.
DELUMEAU propõe agora o assunto da criança no Renascimento, dizendo que o reconhecimento dessas faz afirmar o individualismo. O Renascimento como já foi dito, foi uma época de muita representação artística, e a imagem do menino Jesus ao lado da Virgem Maria, mas no final do século XV e inicio do XVI, os artistas Leonardo da Vinci, Rafael e Miguel Ângelo começaram a fazer imagem nua do menino Jesus ao lado da Virgem. Com isso os artistas do Renascimento aumentaram cada vez mais o tema da infância na religiosidade, tendo assim um pretexto para a representação da criança nesse movimento artístico, já que a criança teve uma entrada discreta na civilização moderna.
Como também já foi dito, Renascimento só era pra pessoas ricas, então a criança pobre passou despercebida perante a sociedade, enquanto a criança rica começava a desfrutar da arte do retrato, o que começava a desenvolver,e proporcionando a entrada das crianças na sociedade.
Com o surgimento da criança no Renascimento, começou a ter uma preocupação sobre a educação. O autor fala que a educação da Idade Moderna é diferente da Medieval, já que eles substituíram o latim da igreja pelo Cícero e de Virgilio, e que introduziram o grego na educação das crianças.
O autor fala sobre o surgimento de universidades e como eram seus estudos, dando exemplo de como era o ensino da Idade Média e como os alunos se comportavam. Ele também ressalva que a procura do curso de teologia e arte eram maiores que o direito e medicina, e que no século XVI e XVII, havia mais pessoas cultas do que o século XIII e XIV. Como o autor já disse as pessoas de condições mais modestas, não tinham tanta oportunidade como os ricos, por isso sua aprendizagem se dava na pratica, ou seja, esses eram aprendizes de seus mestres.
Segundo as pesquisas do autor, e tendo como afirmação o autor BURCKHARDT, as mulheres pouco tinham acesso a escola e sua maioria ficava em casa,mais mesmo com essa situação havia mais mulheres cultas no século XVI do que as épocas anteriores.Mesmo as mulheres não tendo tanto acesso a escola,o autor destaca grandes mulheres que tiveram importante papel durante esses períodos como Joana D´arc;Isabel,a católica;Catarina de Medicis,Isabel I;Margarida de Navarra;Renata de França(duquesa de Ferrara)e Teresa de Ávila.
Ele também fala que a exaltação da mulher (corpo da mulher)se da na literatura e na arte,e que o renascimento foi a época em que mais se evidenciou isso.Sem sair muito do contexto de sexualidade o autor comenta sobre o homossexualismo masculina em que também teve sua manifestação na arte e na literatura,dando exemplo de Miguel Ângelo e Leonardo Da Vinci como uns dos colaboradores desse tema.
DELUMEAU começa a falar sobre a religião do século XVI, dizendo que nessa época não se havia ateu, mas que havia muitos que não obedeciam aos dogmas da igreja como Maquiavel, Nietzsche e ressaltando a idéia do autor VASARI, para dizer que Da Vinci tinha um espírito herético, sendo mais filosofo do que cristão. O autor diz sobre a questão do espírito e a carne, sobre o inferno, a imagem de Deus e Jesus sendo comparado como humanista na visão de BODIN. Segundo o estudo do autor ele nos revela que Rabelais desprezava os padres e monges, rejeitava as peregrinações, os cultos aos santos e as indulgencias, e que sua religião era o individualismo, mas mesmo assim cristão, e que ele estava longe de ser ateu.
Como o próprio autor diz: “A sociedade européia continuava a ser profundamente cristã” e “Das analises anteriores deve concluir-se que a Europa do Renascimento não era pagã e não se descristianizara tanto quanto pensava”, e “Devemos insistir mais no fato de o Renascimento ter pensado no cristianismo” (p.p 397).

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