domingo, 11 de dezembro de 2011

Agradecimentos

Agradeço a todos que vem acompanhando meu blog e tem tido paciência por nos últimos meses não ter postado muitos artigos...
Mas como todo universitário tive que dedicar meu tempo total ao meu Trabalho de Conclusão de Curso, e como já viram na postagem anterior foi aprovado pela Universidade Guarulhos.
Agradeço aqueles que me ajudaram dando opinião para que cada dia podesse melhorar cada vez mais.
Em breve estarei postando comentarios de filmes, resenhas ou fichamentos de livros, entre outras curiosidades que todos vão gostar.
Até breve.....

TCC Aprovado pela Universidade Guarulhos

A REPRESENTAÇÃO DA CRUZADA ATRAVÉS DO FILME ROBIN HOOD

Elisangela dos Santos Bonfim
Everaldo de Oliveira Andrade

Resumo
Este trabalho se propõe a pesquisar como o filme Robin Hood representa o período da Idade Media, mas fazendo um recorte cronológico sobre a Terceira Cruzada comandada pelo rei Ricardo Coração de Leão, e a imagem da religião vista nesse período.
Busca-se discutir como esse tipo de fonte cinematográfica tem controle em grande parte das massas e como isso influencia em nosso imaginário medievo, ou conseqüências isso traz para o ensino de história em nosso cotidiano.
Muitas histórias que os filmes representam são apenas fictícios e acabam por passar por verdades absolutas.

Palavras-chave: Idade Média, cinema, cruzada.

1. Introdução
Esse projeto visando o tema “A Representação da Cruzada através do Filme Robin Hood” tem como objetivo analisar a postura dos filmes hollywoodianos sobre o período da Idade Média. Levando em consideração o tempo em que vivemos e com que intencionalidade esse tema foi abordado por esses estúdios ao nos apresentar esse período. E perceber a importância que isso nos trás para os dias contemporâneos ao retratarem um período que ficou conhecido como a Idade Média.

2. Mídias audiovisuais e História.
Quando chegaríamos a pensar que um dia os filmes poderia auxiliar no meio educacional do século XXI?
Isso só foi possível a partir do rompimento da história tradicionalista, com a chamada Escola dos Annales que proporcionou não somente aos historiadores, mas a outras áreas, a busca de fontes diversas que até o momento eram ignoradas.
Com esse novo meio de pesquisa as mídias visuais começaram a ser mais explorado pelos pesquisadores e entre elas o cinema acabou ganhando bastante destaque por conseguir transmitir mensagens com pouco “esforço”, já que até 1960, na sua grande maioria, as pessoas eram analfabetas e por conseqüência não tinham a possibilidade de lerem fontes escritas, tendo apenas as histórias narradas por outros (relação história e memória).
Mas a utilização de filmes como meio de aprendizagem só começou a ser discutido há pouco tempo, em meados dos anos 1980 a 1990, já que vinha crescendo a cada dia com mais força, pois a imagem e escrita trabalham de maneira diferente, ou seja, um filme não faz o que um livro faz ou o vice versa, portanto tem que ser analisada de maneira diferente e separatista.
Nem sempre os roteiristas têm preocupação de retratar a história verídica, já que só usam o tempo cronológico (ex. Idade Média) e romantizam em sua grande maioria a história a ser contada, para obterem grande sucesso de bilheteria.
Mesmo em sua maioria os filmes fictícios acabam por deixar seus expectadores com visões diversas do passado (positivas ou não) e acabam por interferir nosso cotidiano, pois, por mais que o filme represente o passado ele nada mais é que o reflexo do cotidiano, já que os roteiristas narram a história de forma bem objetivas e carregadas de anacronismo.

3. Cinema faz história?
Desde o início da criação do cinema as narrativas eram baseadas em histórias reais, cada país narrava nos filmes histórias de personagens ou eventos que se destacavam em sua região. Com isso começou a se perceber que em algumas horas os filmes tinham habilidade de penetrar nas mentes das pessoas com mais facilidade do que os próprios livros.
“Em vez de rejeitar essas obras - como muitos historiadores profissionais e jornalista continuam a fazer – como mera ‘ficção’ ou ‘entretenimento’ ou de se queixar de suas ‘imprecisões’ flagrantes, parece mais sensato admitir que vivemos em um mundo moldado, mesmo em sua consciência histórica, pelas mídias visuais e investigar exatamente como os filmes trabalham para criar um mundo histórico”
Outra questão se dá por conta da intencionalidade que os filmes trazem em seus enredos, já que os filmes tendem a ter uma objetividade de seu objeto.
“Um outro fato que se verifica nas historias da Historia. O historiador escolheu esse ou aquele conjunto de fontes, adotou esse ou aquele método de acordo com a natureza de sua missão, de sua época, trocando-os como um combatente troca de arma ou de tática quando aquelas que utilizava perdem sua eficácia (...)
“Certamente já era sabido que ninguém escrevia a Historia inocentemente, mas esse julgamento parece jamais ter sido tão verificado quanto nas vésperas do século XX, quando começou a aparecer o cinematógrafo.”
Por outro lado viu-se que as histórias retratadas nos filmes nada mais eram do que os reflexos contemporâneos, já que muitos dos cineastas não tinham a preocupação de fazerem pesquisas históricas, acabavam em muitas vezes por retratarem a história de uma maneira qualquer.
“Ferro argumenta que a ficção cinematográfica não faz uso de um só discurso ideológico - a História-memória, a História geral ou História experimental -, mas escolhe as informações que parecem mais significativas no momento em que a obra é realizada. O cinema pode reproduzir o passado, mas é o presente que esta no comando.”



4. Contexto Histórico sobre as Cruzadas
A Idade Média começou com a queda do Império Romano até a tomada da capital do Império Bizantino Constantinopla (V ao XV), e o catolicismo teve sua grande aparição com o Rei Clovis que se converteu a nova religião. Mas somente a partir do Imperador Carlos Magno (coroado pelo papa Leão XII) que a fé cristã começou a se disseminar pela Europa.
Mas somente a partir do século XI que essa expansão do catolicismo teve sua força total por conta das cruzadas que eram expedições militares comandadas pela Igreja Católica e pelos nobres europeus, em busca da Terra Santa dominada pelos turcos mulçumanos (dominação da Igreja Católica) e busca de novas terras e o restabelecimento do comercio com Oriente (tentativa de sair da crise econômica em que os nobres passavam).
“Hoje em dia, achamos que, em parte, foi para ocupar os cavaleiros que a Igreja organizou as cruzadas, na Terra Santa”
A Idade Média principalmente o período das Cruzadas nos trouxe também uma grande gama de mitos, como por exemplos grandes cavaleiros que hoje confundem as cabeças dos espectadores que acham que esses personagens de fato existiram na história, objetos religiosos que até hoje arqueólogos tentam encontrar e o próprio misticismo que se criou em volta da religião como o desejo da salvação eterno e o medo de se passar o resto da vida no fogo do inferno.
“A Idade Média inspirou romances históricos aos escritores entre os quais alguns tiveram grande sucesso, e filmes aos cineastas, desde que existe o cinema, fascinando os espectadores, particularmente as crianças”
“Parem um instante, e prestem atenção! Existem, de fato, entre os cavaleiros de prestigio, cujas as aventuras e façanhas foram narradas, personagens históricos, homens que existiram de verdade, como Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra, morto em 1199. Mas há personagens de romance, unicamente de romance ! É o caso dos famosos cavaleiros da Távola Redonda”
Com essa rápida introdução sobre o que era a Idade Média, mas fazendo um recorte sobre o período tendo como destaque as cruzadas pode-se começar a argumentar sobre o filme escolhido que é Robbin Hood para analise desse período.


5. Analise dos produtores do filme– Robin Hood
O filme foi lançado em 2010 nos Estados Unidos e posteriormente em todos os países no mesmo ano. Teve como atores principais Russel Crowe, Cate Blanchett, Max Von Sydow e Mark Strong. Tendo como diretor o conhecido Ridley Scott.
Ridley Scott é conhecido por fazer filmes em contexto históricos como o Gladiador em 2000 e a Cruzada em 2005, destacando sempre os ambientes históricos e estratégias de combates que são o grande destaque de seus filmes. Já a Universal Studio também tem experiência em produção de filmes históricos além de Robbin Hood destaca A lista de Schindler (1993) que foi sucesso de bilheteria.

6. Analise do filme– Robin Hood
Primeiramente o filme se passa na virada do século XII (período em que se passavam as Cruzadas) com o rei Ricardo Coração de Leão na Inglaterra. Ricardo já vinha de longo 10 anos de batalha entre elas dentro das Cruzadas ; e por conta disso acabou por deixar o reino da Inglaterra falido e começou a saquear outros reinos para conseguir riquezas e tirar seu reino da miséria que se encontrava. Entre esses ataques se destaca a invasão do castelo de Chalus na França comandado então pelo rei Felipe, que acabou por resultar na morte do Coração de Leão.
Já no contexto histórico da Europa Medieval existiu de fato Ricardo Coração de Leão que era rei da Inglaterra (1189-1199) que foi convocado pelo papa Gregório VIII a executar uma Cruzada (a terceira) com objetivo de reconquistar Jerusalém juntamente com Filipe Augusto rei da França e Frederico I, o Barba Ruiva imperador do Sacro Império Romano- Germânico.
Mas ao fazer a terceira Cruzada muitos problemas apareceram no caminho dos reis, entre eles causando a morte de Frederico I, que acabou se afogando nas águas do Selef na Cilicia. Outro problema se dava por conta de Ricardo e Filipe, já que o rei inglês não quisera se casar com a irmã do rei Frances, isso acabou por ofender a dignidade da França, mas mesmo assim os reinos se uniram a favor da Cruzada. Mas tarde rei Felipe acabou por se retirar da cruzada deixando apenas os ingleses contra os mulçumanos. Ricardo, após a saída dos franceses, fica sabendo que seu irmão João tinha se apossado do trono com ajuda dos franceses, acabou por assinar um acordo com Saladino em que permitia a peregrinação dos cristãos a Jerusalém sem conflitos e após isso retornou a Inglaterra, mas no meio do caminho de volta para casa sua embarcação naufragou no mar Adriático e acabou por ser capturado e preso pelo rei austríaco, que posteriormente deu o valioso prisioneiro a Henrique VI que libertou Ricardo e pode retornar a Inglaterra tirando o usurpador do poder e sendo aclamado pelo povo.
Algo que aconteceu nas cruzadas e que foi de extrema importância mais que o filme só fez uma citação breve foi da Batalha de Acre. Essa batalha foi uma das mais sangrenta e desumana comandada pelo Coração de Leão, já que ele conseguiu fazer Três mil prisioneiros (mulçumanos) e dominou a cidade de São João de Acre em apenas um mês, pedindo a Saladino um resgate de 200 mil dinares para liberta os reféns. Saladino aceitou pagar o resgate mais queria fazer em prestações isso acabou por irritar o Coração de Leão que matou os Três mil prisioneiros na frente do exercito de Saladino, com o discurso de que não poderia alimentar tantos prisioneiros até o pagamento ser feito e que também após os reféns serem libertados iriam lutar contra ele, então para evitar problemas futuros preferiu matar todo mundo. Mas antes desse massacre Saladino tinha capturado e mandado matar todos os cavaleiros Templários e Hospitalários durante a Batalha de Hattin, que eram considerados cavaleiros de Deus, e que acabou por justificar o massacre de Acre e fazendo do rei Ricardo Coração de Leão um herói pelos cristãos.
Mais um ponto em que o filme retrata e que realmente aconteceu foi a morte de Ricardo Coração de Leão na tentativa de saquear o Castelo de Chalus do rei Felipe com uma flechada no ombro que acabou vitimando o rei, mas ele não morre no campo de batalha como o filme retrata e muito menos João é coroado por sua mãe Leonor, mais sim ele é levado a seu reino e antes de morrer coroa seu irmão João Sem Terra o novo rei da Inglaterra e perdoa o arqueiro que o flechou.
Outra questão que o filme aborda são os recrutamentos feitos para as cruzadas, onde cada condado era obrigado a mandar homens e dinheiro para ajudar o reino nas batalhas, muitos desses homens eram cavaleiros, arqueiros, artesãos entre outras profissões que não necessariamente de caráter militar.
Por conta disso acabava-se tendo um grande numero de mortos, já que muitos desses homens não eram treinados para combates, mais mesmo assim iam lutar contra os mulçumanos em busca do perdão e da salvação eterna em que eram lhe eram prometidos e deixando muitos condados na falência em nome de uma guerra chamada Santa.

7. Conclusão
As mídias visuais entraram em discussão de contexto histórico por ser considerada como transmissor histórico, ainda existe criticas sobre esse meio de comunicação principalmente sobre o caráter cinematográfico. Sabemos que esse tipo de comunicação é atrativo por meio das massas sendo de fácil compreensão e convencimento e por esse motivo é tão criticado por estudiosos acadêmicos que não vêem nos filmes um modo de se representar o passado, dando ênfase aos erros cometidos dos cinematógrafos.
Mas os filmes, como já dito, são imagens que representam o passado, não necessariamente o passado verídico, já que é imagens construídas num determinado contexto histórico. Com isso os filmes acabam por virar um documento histórico, já que podemos analisar o período em que foi feito e quais eram suas impressões do passado.
O cinema é uma fonte histórica, e podemos fazer proveito dela quando o assunto é a construção do imaginário, já que acaba por transmitir informações ao seu publico que aceita (em sua grande maioria) sem fazer muitos questionamentos. Por isso independente de ser ou não uma fonte confiável devemos saber analisá-la e aproveitar o que tem a nos oferecer.

8. Fonte
SCOTT,Ridley. Robin Hood. [Filme-video]. Produção de Ridley Scott. Reino Unido, EUA, 2010. 1 DVD, 148 min. color. son.

9. Bibliografias
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BURKE, Peter. A Revolução Francesa da historiografia: a Escola dos Annales 1929-1989/Peter Burke; tradução Nilo Odália. -São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista, 1991.
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FERRO,Marc. Cinema e Historia. Tradução: Flavia Nascimento –São Paulo : Paz e Terra,2010
LE GOFF, Jacques. História e Memória. São Paulo: Editora da Unicamp, 1994.
LE GOFF, Jacques.A Idade Media explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro:Agira,2007.
PINSKY, Carla B. (org.) Fontes Históricas. 2ª ed.- São Paulo: Contexto, 2006.
ROSENSTONE, Robert A.A Historia nos Filmes, os Filmes na Historia. Tradução: Lino Marcelo. Ed.-Paz e Terra, 2010.

10. Sites
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